domingo, 25 de dezembro de 2016

Luzinhas Apagadas

De volta ao casulo.
Onde tudo começou.
De volta ao estado de verme.
Asas cortadas, o jogo virou.

Um recomeço.
De novo, eu apareço.
Olho em volta, e reconheço.
Preciso segurar o terço.

Preciso me alinhar.
Parar de ziguezaguear.
Preciso de uma rotina.
Precisa parar a chacina!

E neste natal ensolarado,
Não teve eletricidade.
Era como se tivessem apagado,
Todas as luzes da cidade.

E ficamos no escuro.
Completa escuridão.
De almas abraçadas,
Dividindo a solidão.

E quem disse que é um pesar?
Quem disse que é preciso festejar?
Quem disse,
Mentiu.

E quem disse, sumiu.
Com isso, um caminho se abriu.
Não estamos mais perdidos, viu?
O grande mau, sucumbiu.

E não vamos ver a luzinha de natal.
Pois ela se apagou.
Não vamos crer neste tal senhor,
Pois isso nunca adiantou.

No entanto, a escuridão,
É um estado temporário.
De intensa introspecção,
E de sofrer com o imaginário.

Tem também o aprendizado,
E a necessidade de luta.
Pois para enxergar,
Vale tudo na disputa.

Inclusive união.
E mais do que isso, perdão.
Amar é a solução.
E continuamos dizendo não.

E o ano vai virar!
As coisas vão mudar.
Vamos resistir!
Vamos lutar!

E vamos ganhar!
Pois vamos nos esforçar!
Sei que vamos aguentar!
Temos uns aos outros para abraçar.

A luzinha está apagada.
E que se mantenha assim.
Pois para existir um começo,
Precisa existir um fim.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Prostituição

Na esquina escura,
Com a névoa me anonimando,
Me desfaço de meus sonhos.
Ouço ela me chamando.

Não recuso o chamado.
Sempre digo que fui tentado.
Tudo por mais um trocado.
Mais um amor implorado.

Valores vendidos.
Crenças atropeladas.
Um teatro divino.
Uma vida bem traçada.

Não é amor.
É prostituição.
Se há vício em sentir dor,
Que comece a recuperação.

Se não há reciprocidade,
Nem sequer, uma vontade,
Se é eterno estado de calamidade,
É, comigo mesmo, muita maldade.

Mas insisto no pecado.
"Otário", seguro a placa.
Já estou quase sem dedos,
Por esmurrar ponta de faca.

Há um glamour no sofrer.
É poético.
Mas quando é como morrer,
Faz orar o mais cético.

Se há ódio no pensar,
É falso o brilho no olhar.
Se há medo no falar,
Não tem porque continuar.

Como fazer para não te amar?
Como esquecer e perdoar?
Se eu sei, que no tardar,
Não vou mais conseguir te encontrar?

Eu era só um corpo a venda.
Mas você me desvendou.
Você comprou minha alma,
E nunca mais me pagou.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dom Bosco

A chuva começa a cair.
Ouço o canto do trovão.
Segurando a garrafa de vinho,
Tenho noção de imensidão.

A solidão me abraça,
E a consciência vai embora.
Mudo.
Já era hora.

Escolho minha companhia,
Mesmo sendo a falta de uma.
Plasmando a chegada do dia,
Em que a necessidade do outro, suma.

Que eu me baste.
Que seja suficiente.
Que meus próprios pensamentos,
Não aprisionem minha mente.

Não limitem o crescimento.
Não imitem o conhecimento.
Não insistem em esquecimento.
Não falte encorajamento.

Chegou o momento!
A famosa transição.
A escolha por tormento,
Ou a formação de opinião.

Um brinde a confusão!
Um brinde a boemia!
Já que a noite pra mim é dia,
Que se acenda a sensação!

Mãos gélidas e trêmulas,
Seguram a garrafa quase vazia.
Mantém a temperatura da minha alma.
Aquecem a empatia.

E para que eu não seja frio,
Jogo no chão mais um maço vazio.
Olho para as cinzas, e sorrio.
Estou andando no meio fio.

Alma de equilibrista!
Mantendo erguida minha fé.
Com uma perna, e sem vista,
Não deixo cair, e fico em pé.

domingo, 9 de outubro de 2016

Meu sorriso quando criança

Um sufoco turbulento,
Um maremoto de sentimento.
Com um remoto pressentimento,
De trilha certa pro acalento.

Pois hoje me sustento,
Contruo meus próprios pilares.
Entendo que tudo é momento,
E vou em busca de novos ares.

O tempo é de mudança!
Que se renove a esperança!
Que no final dessa dança,
Eu encontre minha criança!

Encontrar aquele sorriso.
Encontrar aquela ingenuidade.
Nas máscaras, dar sumiço.
Ser quem sou de verdade.

Demonstrar meus sentimentos,
Sem medo de represália.
Sem achar que incomodo,
Ou que é a hora errada.

Sem tanto me preocupar,
Com o que o outro vai pensar!
Essa é a meta a se alcançar:
Encontrar a roda de cirandar.

Se divertir.
Rir.
Cair.
Colorir.

Amar.
Respeitar.
Se igualar.
Ser singular.

Com as coisas mais simplórias,
Ver o brilho no olhar.
Não ver o passar de horas,
Imaginando, a brincar.

Seria bom voltar...
Voltar a ingenuiade.
Onde tudo era amar.
Sem conhecer a maldade.

Mas cresci.
E "amadureci".
Fiquei podre, e caí.
E foi aí que entendi.

Tudo é renovação.
O tempo é de mudança.
E que sirva para mim de inspiração,
Meu sorriso quando criança!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Rei de mim

As águas correm calmas,
Seguindo seu fluxo natural.
Piedade de nossas almas!
O horizonte tem um final.

Já avisto a cachoeira!
Queda d'água mais traiçoeira.
É tão linda quanto o amor!
E destrutiva, a sua maneira.

É uma escolha se aventurar.
Nas águas turbulentas, mergulhar.
Você pode escolher não se molhar,
Mas isso não é viver, é funcionar.

E mesmo totalmente sem ar,
Eu mergulhei.
Em busca do desconhecido,
Me aventurei.

E hoje sei que sou rei.
Mesmo sem ver o horizonte.
Pois o que ja disse: "serei!",
Já mudou de monte.

E eu cruzei o monte.
Em busca de história.
Em busca de alívio.
Em busca de glória.

Glória interna.
Pois venci a revolta paterna.
Saí de dentro da caverna.
Mesmo que quase sem uma perna.

E hoje sei que sou rei.
Pois entendi o que é crueldade.
O que eu disse: "serei!",
Mudou até de cidade...

E sem alarde!
É a forma de se aproximar.
Do inconsciente obscuro,
Finalmente me livrar.

E perdoar.
Mas jamais esquecer.
Pra não voltar a amar.
Para a indiferença prevalecer.

Inspirei e expirei.
Eu não me desesperei.
Me calei, me mudei,
E hoje sei que sentirei,

Que sou rei!
Pois eu mudei.
O que eu disse: "serei!",
Não é mais. Eu sou.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ascensão

Você já se sentiu enclausurado?
Sem tato, tonto e amarrado?
Andando na linha do pecado,
Sem ter chance de ser perdoado?

O leão tenta dar o seu rugido.
Mas ele não consegue ser ouvido.
Sai um som abafado e sem sentido,
Que é da alma. É um ruído.

Em seguida está em cacos.
Quebrados, espalhados no chão.
Formando um lindo mosaico,
Escrito: Ascensão.

Reflexo quebrado, que pesar.
Mas tudo é questão de perspectiva.
Sete anos de azar,
Ou uma nova renascida?

Junto todos os pedaços,
E caminho para a arena.
Com suor e dor nos braços,
Estou de volta a cena.

Ver a alma em pedaços,
É uma oportunidade.
Me desfaço de meus laços,
Então piso na vontade.

Crio apreço.
Desapareço.
Dou mais um tropeço.
E então me entristeço.

Não obedeço.
Pago o preço.
Então permaneço.
Me abasteço.

Adormeço.
E é de novo começo.
Não esqueço.
E me apeteço.

Cresço e amadureço.
Me esclareço.
Para um dia,
Dizer que me conheço.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Vinte e um

Plasmo para que chegue,
O dia de ser feliz.
O dia tão esperado,
De apagar a cicatriz,

Que eu mesmo fiz.
Com escolhas erradas.
Escolhas que me cobram,
Em todas as estradas.

Tudo aconteceu tão rapido!
Foi como um grande zoom.
Apenas um piscar de olhos,
E eu já tenho vinte e um.

Eu só tenho vinte e um.
Irresponsável, e pa, e pum.
Com uma coisa incomum:
Necessidade de não ser mais um.

Eu só tenho vinte e um.
E muito vento aconteceu.
A dor passou a ser comum.
E parte do meu eu morreu.

Ouço o chamar do mar.
Não é algo para se recusar.
Mergulhar.
Se aprofundar.

E emergir,
Para puxar o ar.
E submergir,
E parar de respirar.

Estou em constante mudança,
Buscando sempre aprendizado.
A meta é encontrar a criança,
Que se perdeu neste reinado.

Buscar a pureza.
Beber da água da minha essência.
Para encontrar a beleza,
Existente na inocência.

Vou voar.
Não existe lugar comum.
Afinal de contas,
Eu só tenho vinte e um.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

O coração berra

O coração berra.
Berra por clemência.
Os olhos ardem,
Com tanta indecência.

Pois continua a tendência.
Continua a sina.
Mais uma ocorrência,
E volto para minha menina.

É um grande círculo,
Sem início, meio ou fim.
Me mantendo no cubículo,
E castigando o rim.

É assim?
Assim que deve ser?
Deixo tudo acontecer,
Sem meu caminho escolher?

Foi me dado um mapa.
E até hoje, o segui.
Passei por muita coisa,
Mas sobrevivi.

E hoje decidi.
Meu caminho vou traçar.
Como um pássaro machucado,
É hora de voar.

Pois cansei de rodear.
De andar e não chegar.
De sempre bater na mesma porta,
Esperando me convidar.

O coração berra.
Mas tenho que me acostumar.
Com esse cenário frio,
Não me congelar.

E amar.
Sem medo de falar.
Pois só assim,
A culpa vai me libertar.

Tenho uma meta,
Que é longa de alcançar.
E nem você, nem ninguém,
Vai conseguir me derrubar.

O coração berra.
Você o descontrolou.
Fez isso a vida inteira!
Agora desmoronou.

O ralado é só um arranhão,
E os galos vão sumir.
Já o coração...
Demora a se reconstruir.

Não doeu a pancada.
Nem o cachoalhão.
Doeu sua indiferença.
Doeu no coração.

E o coração berra!
Berra por mudança.
O coração chora.
Chora como uma criança.

Hoje transcrevo minha liberdade,
Em forma de poesia.
Pois sei que depois de toda noite,
Nascerá um novo dia.

sábado, 17 de setembro de 2016

Passageiro passageiro


Comprei passagem só de ida,
Mesmo tudo sendo passageiro.
Pois sou um passageiro,
Que se entrega por inteiro.

O tempo é ingrato.
Meus atos, são pacatos.
Porém, o meu passado,
É uma pedra no sapato.

É um carma.
Parece destinado.
Me entrego de corpo e alma,
E de novo sou enganado.

Tem que ter cuidado,
Pra não mudar de lado.
Mesmo arrasado,
Me manterei ligado.

Fico um pouco assustado,
Com pensamento frio e calculado,
Que tá do lado.
Vem do "aliado".

Mas estou aliviado!
Mesmo com cacos no emocional.
A dor é inevitável.
Mas o sofrimento é opcional.

Dê passagem ao eterno passageiro!
Passe um passe, e vá ao nevoeiro.
Face a face, com o antigo guerreiro,
Compre a passagem, pois o medo passageiro.

Assim como tudo na vida.
Não tem outra saída.
Para ter vida, tem que haver morte.
Resta ver o quanto tenho sorte.

O futuro é imprevisível.
O passado é inesquecível.
O presente é intangível.
As vezes queria ser invisível.

domingo, 11 de setembro de 2016

Os Intensos

Incessantemente,
Vivo a vida intensamente.
Me banhando na água ardente,
Do maremoto da minha mente.

Pois gente como a gente,
Não sabe ser diferente.
Sabe, somente,
Viver intensamente.

Do sentir,
Ao praticar.
Do emergir,
Ao desmoronar.

Se trata da forma de viver.
Da forma de ver o mundo.
Do viver, e não sobreviver.
De ser confundido com vagabundo.

Isso é ser poeta.
Não é uma habilidade.
É, de uma forma direta,
Uma paranormalidade.

É de nascença,
Necessitar fugir do tédio.
E fica a dúvida na cabeça:
É um carma ou um privilégio?

Pois para manter a sanidade,
Há um preço a se pagar.
É bem alto, na verdade:
Necessidade de mudar.

Mudar a todo momento.
Se transformar.
Sair do casulo e ir para o vento,
Do Self, se aproximar.

"O cristo que dentro de mim eu sou",
Não está crucificado.
Mas mesmo assim,
Ressuscitará para seu reinado.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Desabafo na madrugada

Ouço o gato miando,
Cantando na noite.
Ouço galhos quebrando,
Com recordação do açoite.

Granhidos,
Suspiros,
Voltas,
Reviravoltas,

Sentidos aguçados,
Olhos buscando foco.
No quarto bagunçado,
Mais um copo eu coloco.

Vira para um lado.
Vira para o outro.
Busca o laudo,
Da passagem para o lado oposto.

Tenta entender.
Tenta se satisfazer.
Mas a sede a eterna.
A falta é interna.

Tenta dormir!
Tenta esquecer.
Mas a mente é poderosa,
E a insônia vai prevalecer.

Me deixando com você,
Companheira amarga.
É sempre você.
Você me alaga.

Alaga meus pensamentos.
Alaga minha imensidão.
Meu maremoto de emoção,
Eu te amo, solidão.

Deite do meu lado.
Venha me esquentar.
Você é só fria.
Já eu, estou a congelar.

E vira.
E desvira.
E conta carneiros.
E arranca os cabelos.

Se perturba.
E se preocupa.
É o momento que mais pensa,
Naquele filho da puta.

Mas se levanta.
E escreve uma poesia.
Acende um cigarro,
E oferece um trago a boemia.

Se rende a madrugada.
E da boas vindas ao visitante.
Mais uma noite nada estrelada,
Revelando o fosco em um instante.

Revelando o que há de mais vil.
Dizendo para mim mesmo: você ouviu?
Trazendo a tona o obscuro sutil.
A sombra constante que ninguém viu.

Subiu.
E uma grande máscara construiu.
Mas caiu.
E que bom que caiu.

E quem viu, viu.
Quem não viu, não vê mais.
Aquele homem sucumbiu.
Aquele homem ficou pra traz.

É na noite que eu cresço.
É na noite que produzo.
Acendo um incenso,
E ao meu mundo me conduzo.

Estas palavras são remédio.
São um grande vomitar.
Que é bonito, e tira o tédio.
E nem precisa limpar...

Essas palavras são necessidade.
Bonitinhas até, normal.
São pra manter a sanidade,
De uma forma literal.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Carta a minha mente

Vamos conversar.
Porque anda tão ligeira?
Tenta se acalmar...
Aqui, toma a saideira.

Agora você vai me escutar.
Chegou minha vez de falar.
De desabafar.
De desabar.

As mãos trêmulas sob o papel,
São como nuvens carregadas no céu.
Desabam conteúdo sobre o nada,
E de lá nasce alguma parada.

Mais uma vez.
Mais uma madrugada.
Como em um jogo de xadrez,
Me sinto sem jogada.

Xeque-mate.
Cheque para ver.
Não tem saída,
E nem para onde correr.

A alma berra agudo,
O que a mente tenta esquecer.
E o coração chora mudo,
Deixando o amor desvanecer.

Possuo um universo particular.
Uma dimensão paralela.
Tudo isso na minha cabeça.
Uma aquarela de idéias.

Na velocidade da luz.
Pintando e transbordando.
E logo, atraindo urubus,
Que vivem me rodeando.

As vezes me pego aflito.
E com isso, me irrito.
Quero fugir do conflito.
Mas isso, só tenho dito.

Meu conflito é você!
Chego a essa conclusão.
Por isso não tem pra onde correr,
É de nascença, concussão.

Vamos fazer as pazes,
E esquecer o passado?
Sei que te machuquei,
Durante todo aquele legado.

Mas o que podemos fazer?
Vemos o mundo diferente!
Simplesmente não conseguimos,
Colocar a máscara de indiferente.

Se eu pudesse voltar no tempo,
E refazer meu caminho,
Você estaria nova como o vento.
E não como um redemoinho.

Você é rápida.
É temperamental.
É instantânea.
É anormal.

Você e ininteligível.
Nunca é previsível.
E as vezes nem parece,
Que você é invisível.

Você é tempestade.
Você é furacão.
Você é metade.
O resto é intuição.

Você é o exagero.
É a ânsia pela liberdade.
Você é como gelo.
Você é castidade.

Você tem muito potencial.
Quase ilimitado.
Mas você ama o carnal.
Cuidado.

É muito conteúdo!
Cuidado para não encher.
É muita vivência!
Cuidado para não esmorecer.

É muito conteúdo!
Cuidado para não se perder.
É muita vivência!
Cuidado pra não enlouquecer.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Olho Cinza

Dependência aguda.
Dor.
Alguém nos acuda.
Traz amor.

Traz só um pouquinho.
Traz só o necessário.
Uma atitude, as vezes,
Dá as coisas um novo cenário.

Pelo amor, impulsionada,
Tive a meta atropelada.
Pela dor, cicatrizada,
Que já não pesa uma tonelada.

Ainda grito por mudanças.
Mesmo com tudo a meu favor.
Pois não me contento com pouco.
Nem começou a dar calor.

No fundo do meu olho cinza,
Você não verá tristeza.
Mas pode ter certeza,
Você verá frieza.

Até procuro estabilidade.
Mas só para daqui a um tempo.
Só quando tiver lá no topo,
Explodindo de reconhecimento.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Subida

Subo, subo e subo.
Eu continuo a subir o monte.
Uma ladeira infinita,
Que ofusca o horizonte.

Ofusca o futuro.
Limita a visão.
Com destino inseguro,
Subo a pé na escuridão.

As pernas estão tremendo,
E os músculos doloridos.
O sofrimento é tremendo!
Mas a isso não dou ouvidos.

Continuo a subir,
Mesmo me dizendo pra parar.
Continuo a subir,
Pois sei que posso continuar.

Pancada caleja.
Em quantidade, elimina a dor.
Pancada amadurece.
Em qualidade, aumenta o amor.

Amor pelo outro lado.
Pelo final dessa subida.
Por ter meu objetivo alcançado,
Sem nenhuma recaída.

Para então chegar a descida,
E voltar ao ponto de partida.
Exatamente na medida,
Em que começa outra subida.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Escrever, respirar...

Estou a me levantar,
Digo chega,
Quando chega,
A hora de parar.

Agora estou ofegante.
Respiro fundo e nada vem.
Que tontura ofuscante...
De mim mesmo, virei refém...

Não consigo respirar!
Puxo, e não vem ar!
Preciso me acalmar..
Preciso respirar...

Respirar.
Recuperar o ar.
Inspirar,
Expirar.

Explorar,
Ser singular.
Tropeçar,
E não derrubar.

Poder gritar.
Poder me livrar.
Dessa ânsia maldita,
Que insiste em me cegar.

Tentei me envenenar.
É um suicídio, se pensar.
Mas só consegui me mostrar,
Que nem eu posso me parar.

Sobrevivi.
Então eu sorri.
Pois agora descobri,
Que tudo que vivi,

Serviu de aprendizado.
Para um aluno meio lesado,
Orgulhoso e nada prendado,
Que acabou de enterrar o passado.

Pensar,
Plasmar,
Escrever,
Se blindar...

E o ar!
Ah, o ar!
Ele está de volta...
Posso respirar!

terça-feira, 17 de maio de 2016

Linha Torta

Hoje meu canto sombrio,
É ouvido só pela noite.
Hoje minha voz ecoa no vazio,
E volta para mim como açoite.

Se eu puder gritar,
Você conseguirá ouvir?
Se eu tiver forças, e urrar,
Você vai vir?

Vai aparecer pela porta,
Com um sorriso estampado?
Vai se desculpar pela hora,
E terminar embriagado?

Vai pelo menos aparecer?
Dizer que é fase e nada mais?
Dizer que quando eu crescer,
Encontrarei a minha paz?

O problema, é que cresci.
E adquiri consciência.
Então minha paz se foi,
Quando conheci minha essência.

Pois só eu sei,
O que tenho que caminhar.
Sei de cada obstáculo,
Que tenho a ultrapassar.

Sei que não é fácil o caminho.
Pois minha essência é grande.
Sei que seguirei a maior parte sozinho,
Mesmo machucado, ande.

A consciência liberta.
Mas também aprisiona.
Pois fiz uma descoberta:
O conforto não é minha zona.

Preciso de mudanças.
Mudanças constantes.
Preciso de mudanças.
Saúdo os mutantes!

E para chegar a essência,
Que venha a luta!
Eu não vou mais abaixar a cabeça,
Pra nenhum filho da puta.

Pois o que almejo e plasmo,
Sempre se torna real.
E se hoje meu sonho é gigante,
Imagina no final?

terça-feira, 10 de maio de 2016

E eu só peço a Deus...

O desejar é interessante.
É preciso tomar cuidado.
Pois se pensar bastante,
Acabará realizado.

Jogo energias pro alto,
Com o pensamento no alvo.
Os vejo concretizados,
Os vejo predestinados.

Não existia luz
De repente se acendeu.
Descobri que sou mais,
Descobri quem sou eu.

O casulo se abriu,
E já não mais rastejo.
Me livrei de minha cegueira.
Hoje vejo.

Vejo tudo que perdi.
E isso aumenta a proporção.
De pensar que é agora, é aqui.
Minha nova mutação.

Antes era figurino.
De uma grande apresentação.
Hoje é metamorfose.
É completa transformação.

Hoje sei quem sou.
Hoje sei quem posso ser.
Ontem o futuro me chamou.
Amanhã já vai acontecer.

Preciso estar preparado.
Para este grande chamado.
Preciso estar preparado.
Por isso eu, ajoelhado,

Só peço a Deus,
Um pouco de infância.
Pois sou malandro,
E não conheço essa ânsia.

E eu só peço a Deus,
Um pouco dessa ânsia.
Pois nasci malandro.
E eu preciso de infância.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

A caverna



Dentro da minha caverna,
Conhecia só um mundo.
Caminhando sem lanterna,
Conhecia o submundo.

Prisioneiro de meus atos,
Acostumado a seguir minha verdade.
E a escuridão borrando os fatos,
E deixando ficar a ingenuidade.

Aqui, há uma fogueira.
Meu único ponto de luz.
Vermelhidão e poeira.
É tudo que me conduz.

Vendo apenas a sombra,
De acontecimentos terríveis.
Tornando minhas conclusões,
Completamente intangíveis.

Então preciso sair!
Fugir, e me desacorrentar!
Sem ar, não posso desistir!
Meu olho há de se acostumar.

O que eu via,
Não era real.
Eram apenas sombras,
Do considerado normal.

E nessa jornada lenta,
O ruim passa a ser gostoso.
A cada vez que o medo aumenta,
Eu fico mais perigoso.

Pois coloco uma direção,
E atropelo o obstáculo.
Pois o medo é combustão,
E viver é um espetáculo.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Costas sujas de sangue



Como seguir em frente,
Sem o farol na escuridão,
Com o seu brilho reluzente,
Evitando o tropeção?

O horizonte não é mais eterno.
Ele tem um fim.
É mais ou menos como o paterno.
As coisas funcionam assim.

O sangue jorra das costas.
E banha em vermelho quem está atrás.
Vamos em direções opostas,
E contigo, vai toda a minha paz.

E como sempre,
Somente resta a cicatriz.
Que um dia vai virar história,
Lá no boteco do Assis.

Pois é assim o natural.
Não é?
Vestir uma máscara de normal,
E rir da cara de São Tomé.

Fingir que nada aconteceu.
Que nada nunca abala.
Fingir que parte de mim não morreu.
E dizer para minha alma: Cala!

As perguntas ecoam.
E então se repetem.
Atormentam mente e alma,
Atordoam e ferem.

Um pilar desabou.
E levou embora a estrutura.
Até uma segunda família,
Foi embora com essa ruptura.

Parecia que estava escrito.
Mas malditos inventores!
Criaram a borracha.
Que apagou até as cores.

Com tudo em preto e branco,
Não há tanto com o que se queixar.
Pois o ser humano é incrível...
Ele há de se acostumar!

Quanto ao punhal nas costas...
Só mantenho a fé.
Pois é preciso de mais...
Me mantenho de pé,

terça-feira, 5 de abril de 2016

Carta aos que Juram.

Aonde estão vocês,
Que diriam,
Que estariam,
Mas não vejo...

Todos estavam a volta,
E sorriam,
E cresciam,
Sem medo...

Que bateu em minha porta,
No momento,
Em que diziam,
É tão cedo...

Me congelei,
E ao relento,
Eu torturei,
Eu mesmo...

Na enorme cela,
Construída,
Em um presídio,
De gelo...

São lágrimas que escorrem,
Dos meus olhos,
E constroem,
Pesadelos...

Que musicados,
Aliviam,
Os pecados,
Do meio...

E eu não quis falar,
Pra não enxergar...
Mas é tarde demais,
Não dá pra voltar atrás...

E eu quis concertar,
O que veio a calhar.
Mas só fiz piorar,
O que ainda vai rolar...

E o vento vai soprar,
E eu vou envergar,
Mas não vou cair,
Vou só envergar...

E aonde estão vocês?
Os amores?
Os eternos,
E isentos?

Aqueles que juravam,
Que segurariam,
E não deixariam,
Receio...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Celas de veludo



São enormes celas,
Com barras de veludo,
Fechadura disfarçada,
Para cego, surdo e mudo.

Emoções afloradas.
Tudo novamente.
Novamente novo.
Mentindo pra mente.

E entre a gente,
Tem uma luz fluorescente.
E é quente, quase fervente,
Que se apagou completamente.

Mais uma vez,
A luz emana ao meu redor.
E mais uma vez,
É ofuscada pelo olho e seu suor.

E olha lá, que emoção!
Cá estou, acompanhado!
Salve companheira, solidão!
Traz um whisky aqui pro meu lado.

Vamos brindar!
Vamos comemorar!
Na introspecção da madrugada,
Vou finalmente me encontrar.

Hoje entendo o canto Dos Anjos!
Então acendo um cigarro.
Pois provei daquele beijo.
E é mais que a véspera do escarro.

E senti o peso,
Vi a força com clareza,
Da famosa mão que afaga.
Que mutila e não só apedreja.

Só preciso de mais coragem,
Para fazer o que Dos Anjos almeja.
Romper minha interna barragem,
E escarrar nessa boca que me beija!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Anjo Caído

Vinte e um anos na jornada,
Fazendo merda pra caralho,
Vivendo na intuição,
Pra não ser mais um otário.

Hoje o presente é o auge,
De uma estrada montanhosa.
Que ainda manterá a inconstância,
E é sempre enganosa.

O brilho emana ao meu redor!
Mesmo com falta de fé.
É a ideia de que o suor,
Sempre me mantém de pé.

Almejando liberdade,
Fiz mudanças corajosas.
Expulsei os meus demônios,
E fui buscar minhas rosas.

Mas as vozes continuam.
Elas não param de soprar!
Elas não param de dizer:
Você vai conquistar.

E foi aí que eu descobri.
Não tenho que expulsar!
Os demônios que conheci,
Vão somente me ajudar.

Pois eles são como eu,
E como quem se identificar.
Anjos caídos e injustiçados,
Com uma sede a saciar.

Sentir que é diferente.
Que tem algo de especial.
Sentir que é linha de frente,
Pois se defende com o próprio arsenal.

Sentir que não é daqui!
Que pertence a outro lugar.
Até tem vontade de fugir,
Mas a responsa, vai priorizar.

É acordar de madrugada,
Depois de um puta pesadelo,
Pegar o beck, a caneta e a levada,
E escrever um rap inteiro.

É enxergar beleza no feio,
É enxergar feiura na beleza.
Ver que o forte é fraco o tempo inteiro,
E que o fraco é esquecido na tristeza.

E se eles são como eu,
Alguém tem que se identificar.
Anjos caídos e injustiçados,
Com só uma sede a saciar.

E se ninguém se identificar,
Simplesmente foda-se.
E quando eu passar,
Que pescoços torçam-se.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O escolhido da estrada


Querido diário,
Hoje é o dia da saída.
Finalmente terei alta!
Será que vou estancar a ferida?

Foram muitos tratamentos.
De eletrochoque, a lobotomia.
Assenti a tudo, que tormento!
Eu sofria, e o médico sorria.

"A dor é necessária!"
Eu ouvia.
"Você sairá daqui um novo homem!"
Mas eu morria.

Foram dois anos de tratamento.
Mas eu acho que não funcionou.
Pois meu único momento de acalento,
Foi quando ele o esfaqueou.

Todos os membros do médico,
Ele retirou.
E quando a cova foi fechada,
Tudo mudou.

Percebi que não sou um doente.
Apenas mal compreendido.
Não entendem a arte em minha mente.
Me vêem como um louco fudido.

Mas não sou um monstro!
Nunca matei ninguém!
Meus pais, esposa e filhos...
Ele os fez de refém!

Disseram que picotei minha esposa.
Olha como isso soa horrível?
Disseram que usei o microondas.
Que ela ficou irreconhecível.

Me chamam de cozinheiro.
Pois fiz sopa dos meus filhos.
Disseram que fui ao chiqueiro,
E alimentei os bichos.

E meus pais?
Por mim eram tão amados!
Disseram que decorei a casa,
Com seus corpos pendurados.

Mas nada disso é verdade.
Eu sei que ele os sequestrou.
Plantou as provas em minha casa,
E em um sanatório me trancou!

Ele não é assim tão mau.
Ele veio me visitar!
E até colocou uma condição,
Para eu com eles, me juntar!

Ele me passou todo o plano.
Só assim, ele pode se redimir.
"Entre na sala de medicamentos,
E tome tudo, até a visão sumir"

"O resto, farei eu.
Pode ficar tranquilo.
Você só vai acordar,
E tudo estará resolvido."

Agora o médico está enterrado.
Mereceu, totalmente dilacerado.
Não deu um diagnóstico de verdade.
Transtorno de personalidade?

Porque não acreditam na minha versão?
Porque insistem em insanidade?
Foi ele que entrou no meu coração!
E roubou toda a ingenuidade!

Para completar o tratamento,
É só tomar mais um remédio,
Sair a noite, no relento,
E acabar com o tédio.

Eles estão vivos...
Disso eu tenho certeza.
Ele me jurou!
Só preciso agir com frieza.

Então os engoli.
A visão ficou turva.
De repente, eu sumi.
Acordei sentado, em uma curva.

Em uma estrada desconhecida.
Sem nenhuma iluminação.
Meu avental, ensopado!
E não era água não...

No meu bolso, tinha uma lanterna.
Acendi e claro, vi o pior.
Dez corpos, estirados no chão.
E eu banhado em sangue e suor.

Todos estavam desfigurados.
Todos os membros, espalhados.
Não se sabia o que era de quem.
Ele os libertou dos pecados!

Olhei para a minha mão,
E lá estava a faca ensanguentada.
Finalmente, eu entendi minha condição!
Sou o escolhido da estrada.

Para pegar os navegantes.
E livrá-los do sofrimento.
Viver é agonizante!
Sou apenas o mensageiro.

Olhei novamente para a faca.
E sabia exatamente o que fazer.
Minha missão estava completa.
Agora meu descanso. Fiz por merecer!

Agora são 3h00 da manhã.
E para mim, não haverá amanhã.
Lentamente cortarei minha garganta.
E serei levado ao céu pela Santa.

Acharão minha carta,
E serei manchete de jornal.
Mais um louco que se mata.
Para eles, isso é tão normal...