quinta-feira, 19 de maio de 2016

Escrever, respirar...

Estou a me levantar,
Digo chega,
Quando chega,
A hora de parar.

Agora estou ofegante.
Respiro fundo e nada vem.
Que tontura ofuscante...
De mim mesmo, virei refém...

Não consigo respirar!
Puxo, e não vem ar!
Preciso me acalmar..
Preciso respirar...

Respirar.
Recuperar o ar.
Inspirar,
Expirar.

Explorar,
Ser singular.
Tropeçar,
E não derrubar.

Poder gritar.
Poder me livrar.
Dessa ânsia maldita,
Que insiste em me cegar.

Tentei me envenenar.
É um suicídio, se pensar.
Mas só consegui me mostrar,
Que nem eu posso me parar.

Sobrevivi.
Então eu sorri.
Pois agora descobri,
Que tudo que vivi,

Serviu de aprendizado.
Para um aluno meio lesado,
Orgulhoso e nada prendado,
Que acabou de enterrar o passado.

Pensar,
Plasmar,
Escrever,
Se blindar...

E o ar!
Ah, o ar!
Ele está de volta...
Posso respirar!

terça-feira, 17 de maio de 2016

Linha Torta

Hoje meu canto sombrio,
É ouvido só pela noite.
Hoje minha voz ecoa no vazio,
E volta para mim como açoite.

Se eu puder gritar,
Você conseguirá ouvir?
Se eu tiver forças, e urrar,
Você vai vir?

Vai aparecer pela porta,
Com um sorriso estampado?
Vai se desculpar pela hora,
E terminar embriagado?

Vai pelo menos aparecer?
Dizer que é fase e nada mais?
Dizer que quando eu crescer,
Encontrarei a minha paz?

O problema, é que cresci.
E adquiri consciência.
Então minha paz se foi,
Quando conheci minha essência.

Pois só eu sei,
O que tenho que caminhar.
Sei de cada obstáculo,
Que tenho a ultrapassar.

Sei que não é fácil o caminho.
Pois minha essência é grande.
Sei que seguirei a maior parte sozinho,
Mesmo machucado, ande.

A consciência liberta.
Mas também aprisiona.
Pois fiz uma descoberta:
O conforto não é minha zona.

Preciso de mudanças.
Mudanças constantes.
Preciso de mudanças.
Saúdo os mutantes!

E para chegar a essência,
Que venha a luta!
Eu não vou mais abaixar a cabeça,
Pra nenhum filho da puta.

Pois o que almejo e plasmo,
Sempre se torna real.
E se hoje meu sonho é gigante,
Imagina no final?

terça-feira, 10 de maio de 2016

E eu só peço a Deus...

O desejar é interessante.
É preciso tomar cuidado.
Pois se pensar bastante,
Acabará realizado.

Jogo energias pro alto,
Com o pensamento no alvo.
Os vejo concretizados,
Os vejo predestinados.

Não existia luz
De repente se acendeu.
Descobri que sou mais,
Descobri quem sou eu.

O casulo se abriu,
E já não mais rastejo.
Me livrei de minha cegueira.
Hoje vejo.

Vejo tudo que perdi.
E isso aumenta a proporção.
De pensar que é agora, é aqui.
Minha nova mutação.

Antes era figurino.
De uma grande apresentação.
Hoje é metamorfose.
É completa transformação.

Hoje sei quem sou.
Hoje sei quem posso ser.
Ontem o futuro me chamou.
Amanhã já vai acontecer.

Preciso estar preparado.
Para este grande chamado.
Preciso estar preparado.
Por isso eu, ajoelhado,

Só peço a Deus,
Um pouco de infância.
Pois sou malandro,
E não conheço essa ânsia.

E eu só peço a Deus,
Um pouco dessa ânsia.
Pois nasci malandro.
E eu preciso de infância.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

A caverna



Dentro da minha caverna,
Conhecia só um mundo.
Caminhando sem lanterna,
Conhecia o submundo.

Prisioneiro de meus atos,
Acostumado a seguir minha verdade.
E a escuridão borrando os fatos,
E deixando ficar a ingenuidade.

Aqui, há uma fogueira.
Meu único ponto de luz.
Vermelhidão e poeira.
É tudo que me conduz.

Vendo apenas a sombra,
De acontecimentos terríveis.
Tornando minhas conclusões,
Completamente intangíveis.

Então preciso sair!
Fugir, e me desacorrentar!
Sem ar, não posso desistir!
Meu olho há de se acostumar.

O que eu via,
Não era real.
Eram apenas sombras,
Do considerado normal.

E nessa jornada lenta,
O ruim passa a ser gostoso.
A cada vez que o medo aumenta,
Eu fico mais perigoso.

Pois coloco uma direção,
E atropelo o obstáculo.
Pois o medo é combustão,
E viver é um espetáculo.