domingo, 17 de maio de 2015

Desabafo de Vivi - Poesia pró-feminista

Isto é só um desabafo.
É só o cotidiano.
É sempre a mesma coisa,
Durante todo o ano.

Desde que nasci,
Me ensinam padrões.
Falam sempre: "Vivi,
Pare de usar estes blusões!"

"Não beije a boca de ninguém!
Vista agora sua batina!
Onde já se viu, meu bem,
Isso não é coisa de menina!"

"Não use batom vermelho!
Não ande só pela cidade!
É só não se olhar no espelho,
Que você esquece sua identidade."

Isto é só um desabafo,
Não pretendo mudar nada.
Ninguém nunca ouve,
E ainda fazem piada.

Me mandam lavar a louça.
Parar de bancar a louca.
Falam: Feminismo é o caralho,
E em meu peito, fazem um talho.

Pois não dá pra entender.
Mesmo emprego do namorado, acredite
Trabalhando o dobro, sem querer,
E não ganho nem metade do seu olerite.

Tentando entender o porque,
Escuto a brilhante explicação:
Você é mulher, aproveita!
Vai lá e dá pro seu patrão!

Me proíbem de ser eu.
Me restringem o espaço.
Querem tomar o que é meu,
E depois me dar um abraço.

Não posso usar saia,
Nem muito menos decote.
Pois se não será culpa minha,
Quando na rua derem o bote.

Vão dizer que procurei.
Que minhas roupa é culpada.
Colocarão como rei,
Quem me chamou de violada.

Vivi, faça isso.
Vivi, faça aquilo.
Vivi, não viva.

É essa a solução?
É minha única opção?
Viver sob repressão,
E aceitar essa condição?

Não, não é não.

Eu prefiro tentar e lutar.
Não vai rolar abafo.
E se nada der certo,
É porque foi só um desabafo.