segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O chamado da morte

Silêncio absoluto.
Meus mínimos ruídos,
São os únicos sons que escuto.
Estou de luto.

Escutei o chamado.
Fiquei tentado.
Já que existe o livre arbítrio,
Porque não tornar tudo mais bonito?

Um, dois, três, dezesseis cortes,
Só no braço esquerdo.
Eu não tive sorte.
Não encontrei a morte.

O medo de viver é incessante.
O medo de morrer não existe.
A possibilidade de escolher persiste.
E essa sim é aterrorizante.

Procuro não me manter são,
Obedecendo indiretamente o chamado.
São anos de escuridão,
E meu olhar já não está mais adaptado.

Não sei como não enlouqueci,
Depois de entender,
Que todos olham só para si,
E que isso é a natureza do ser.

"No bruto, proibido fruto,
Humanidade maçã".
De luto, já nem luto mais.
Não sou capaz de ver o amanhã.

Escuto a voz do meu tio,
Pedindo para me encontrar.
Se é para morrer de frio,
Deixa o fogo me queimar!

Nada me satisfaz.
A paz é estado incompreendido.
Mas como tudo tanto faz,
Vou tomar outro comprimido.

Natal

Não posso escrever.
Estou com a mão quebrada; soquei a parede repetidas vezes durante um surto existencial.
Hoje é natal.
E digo com surpresa, que estou mal só pela cerveja.

Pessoas cantam.
Enquanto termino meu último cigarro da madrugada do aniversário de cristo.
Me sinto enjoado.
Mas acaba sendo preciso alterar a realidade nesta data, não é?

É normal.
Natal, é o teatro grego da vida real.
É igual.
Me sinto mal.