segunda-feira, 17 de março de 2014

Meu reflexo distorcido


Olho meu reflexo no espelho,
Mas vejo algo de diferente.
Meu olho refletido está vermelho,
E não estou tão consciente.

Converso com o reflexo de meu ser.
Tentando entender o que estou vendo,
O que estou deixando de ver,
Ou talvez o que em mim está morrendo.

Vejo minha vontade refletida.
Materializada, bem na minha frente.
Rindo de minha própria ferida.
Vendo como "ele" se sente.

Vejo a máscara que cobria minha face.
Sinto raiva de meu próprio sorriso.
Por, em reflexo, pertencer a essa classe,
Que vive no puro improviso.

De uma velha e úmida gaveta,
Tiro um 38 empoeirado.
Atiro no reflexo de minha jaqueta,
E vejo o espelho despedaçado.

Atirei em meu reflexo com jeito,
E mesmo assim doeu.
Vi o furo da bala em meu peito,
E de verdade, o sangue escorreu.

Está morta a antiga personalidade.
Junto com todos os seus pudores.
Pois as vezes é necessária a atrocidade,
Para que nasça novos valores.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sobrevivente



Um simples pedido de perdão,
Nunca seria suficiente.
Para reparar tão obscura traição,
Dos escombros de minha mente.

Precisava do nascer do sol mais radiante.
Da luz amarela que clareia o amanhecer.
Precisava me manter acordado e vigilante,
Para que iluminasse todo o meu ser.

Apenas o simplório, nada mais que obrigação,
Sentimento que corre em minhas entranhas.
Como em uma enorme inundação,
Toma conta e engole as artimanhas.

Agora o pacto está selado.
Deixo de ser apenas aprendiz.
Faço a limpeza do passado.
Em minha vida não há espaço para "anis".

Me torno mais responsável.
Me torno mais consciente.
Me torno mais questionável,
Sou mais um sobrevivente.