segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Acorde Anubis!


Os demônios acordaram.
Se ergueram dentro de mim.
Minha alma tomaram,
Usando balas de festim.

Tomaram posse do meu corpo.
Comandaram minhas ações.
Tomaram meus pensamentos,
A eles, dou saudações.

Me sinto possuído,
Totalmente indefeso,
Completamente perdido,
Conhecendo o contra-peso.

Hoje vocês tem a minha permissão,
Para escurecer essa paixão,
Tomar meu coração,
E me afogar em solidão.

Não quero uma cruz olhar,
Não quero água benta tomar,
Não quero meus demônios exorcizar,
Quero minha sombra integrar.

O momento é de dor,
O sofrimento, a meu critério.
Já não é mais amor,
Anubis a manterá no cemitério.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Gestação



Não preciso ver salto alto,
Não preciso me manchar de batom,
Não tenho que te por num planalto,
Nem achar tudo isso bom.

Você não é minha salvadora,
Não tenho mais que ficar calado.
Houve muita coisa boa,
Mas agora você é passado.

Apenas sinto o sereno,
Não sinto mais o mel.
Daquele gostoso veneno,
Restou apenas fel.

A lua escureceu.
As estrelas se apagaram.
Já não posso ser mais seu,
Os sentimentos voaram.

Vivo a gestação de um novo homem,
Que procura liberdade.
Não sou mais um lobisomem,
Agora tenho identidade.

Não preciso te tocar,
Não preciso te odiar,
Não preciso me prostrar,
Não preciso te amar.

Não tenho que injetar seu amor,
Nem me embebedar de adolescência.
Tenho que sentir essa dor,
E curar essa dependência.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Voa anjo, cai anjo.



Tiro meus pés do chão,
E voo sem pensar.
Sinto a conexão,
Da liberdade reconquistar.

Abaixo, vejo a cidade,
A frente, não vejo limites,
Atrás, continuidade,
E acima? Não aceito palpites.

Voando vou a um hospital,
Curar multidões,
Mas me tratam muito mal.
Vão pagar pelas ações.

Afinal, sou um anjo.
Um ser iluminado.
Por mim aquele marmanjo,
Vai ser dilacerado.

Minhas asas ficam negras,
Meu olhar, sanguinário.
Pois quebrei todas as regras.
Me tornei um ordinário.

Por ter tais poderes,
Por ter tamanha luz,
Pensei que todos os seres,
Me viriam como Jesus.

Mas foi o contrário.
Não pude viver em paz.
Me tornei um ordinário,
Comparado a Satanás.

domingo, 22 de setembro de 2013

Chove, pode chover.



Andei mais de míl léguas,
Para poder te encontrar.
Mas essa chuva não da tréguas,
E não faço ela parar.

Chove dia e noite.
A chuva me atormenta.
Me castiga com açoite,
E me tira a ferramenta.

Chove dia e noite.
Chove noite e dia.
Chove toda hora,
Meu Deus, como é fria!

Essa chuva me congela,
Essa chuva petrifica.
Aos olhos é até singela...
Mas pior do que está, não fica.

Me encharca de medo,
Afoga meu amor.
De Satanás, aí tem dedo.
Mas não é o maior temor.

Os relâmpagos me acertam,
Os raios me paralisam.
As vezes, até me matam,
Outras só me petrificam.

Olho para o céu pedido luz,
E imploro por socorro.
De um sábio de capuz,
Recebo um esporro.

A luz é interna,
Não há do que temer.
Pois até em uma caverna,
De frio posso tremer.

Então deixa chover!
Não vou me afogar.
Nesse mar de sentimentos,
Terei que navegar.


Uma bela camponesa



No topo de uma colina,
Vejo uma donzela.
E com toda a minha arrogância,
Sinto-me melhor que ela.

Mas não era qualquer moça.
Era uma camponesa.
Segurando um arco e flecha,
Transbordando sua beleza.

Protegido me senti,
Da alcateia me afastou.
Mas como uma inocente moça,
Comigo não se deitou?

Mas não era qualquer moça.
Seu papel era diferente.
A intenção, das melhores.
Acabar com o perigo iminente.

O sentimento atordoa.
Proteção e humilhação.
Aquela mulher tão boa,
Me tirou da escuridão.

Mas de que adianta ser protegido,
De que adianta ser amado,
Se a todas as ocasiões tenho fugido,

E a mim mesmo decepcionado?

domingo, 8 de setembro de 2013

Ceifeiro



Palavras saem de minha boca
e ecoam sem sentido nenhum.
Qual é a vantagem de matar,
se a mim não fez mal algum?

Em mim você está viva.
Mais viva do que nunca.
Mas algo aí dentro morreu.
Já, em mim, nasceu.

Me sinto preso em uma roda gigante.
Esculpida em gelo,
banhada em lágrimas,
Com sua maldade como selo.

Minha realidade externa,
não combina com a interna.

O que é amar?
O que é o amor?
O que é sentir?
O que é viver?

Nossos corpos se tocaram,
se sentiram,
se "amaram".

Mas nada daquilo era real.
Hoje vejo a diferença,
De uma enorme dependência,
para um amor incondicional.

O que você representa?
O que você significa?
O que você é?
O que sinto por você?
Porra, quem é você?

Hoje, convoco essa criatura majestosa,
Para dar algo, que você mereça.
Venha Ceifeiro, venha!
Corte junto comigo, aquela cabeça.

Minha decisão está tomada.
Não irei fraquejar.
Continuarei minha jornada,
Sem um "amor" para me acostumar.