domingo, 28 de maio de 2017

Existo

Eu me perdi.
Entre as placas que diziam siga,
Em alguma direita ou esquerda da vida,
Eu me perdi.

E mesmo assim, continuei.
Não parei de andar.
Sinto que vai ser assim,
Até eu parar de respirar.

Uma neblina densa,
Dificultando a visão.
Pessoas usando máscaras,
Dançando com a solidão,

O doce som do suspiro.
Do mais puro respirar.
Serve para acalmar.
Serve para não surtar.

Puxar o ar,
E soltar.
Puxar o ar,
E soltar.

Puxar o ar,
E soltar.
Puxar o ar,
E soltar.

Atuo diariamente na peça do viver.
Só existo.
Não quero mais interpretar.
Estou exausto.

Continuar a caminhar.
Continuar a respirar.
É o resumo do existir,
Até o dia que eu sumir.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sanidade

Me sento à meia luz,
Acendo um cigarro.
Tomo um longo e amargo gole de morte,
E renasço, como um pássaro de sorte.

O vento sopra lá fora.
Como o canto dos lobos ao uivar.
É frio, é mortífero.
É a forma de interpretar.

Sinto o peso da madrugada sobre mim.
O enorme peso do nada, sobre mim.
Minha essência aguenta calada, para enfim,
Gritar descontrolada: "foca em mim!".

Então escrevo.
Escavo o que há de mais profundo em mim.
Me torno escravo,
Da escritura, da loucura que não tem fim.

Minha sanidade é questionável.
Minha sanidade é instável.
Minha sanidade é moldável.
Minha sanidade é improvável.

Ainda bem.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A culpa é de quem?

Respirar não é uma opção.
Pensar, também não.
Quando não há um caminho,
Tudo se transforma em um redemoinho.

Não importa o respirar,
Não importa o pensar.
Só importa o anestesiar,
E um lugar para posar.

Pois a janela quebrou.
Despedaçou-se sua alma.
O tempo parou.
Nada mais o acalma.

Seus olhos são tampados,
Por uma camada de ódio,
Que afasta os maus olhados,
E coloca o ego no pódio.

Mas esconde um demônio,
Um demônio chamado tristeza.
O medo, vem por consequência,
E aflora toda a impureza.

Se morrer é descansar,
Respirar é um pesar,
Caminhar é tropeçar,
Pensar é sonhar,

Celebrar é vomitar,
Existir é só vagar,
Dormir é desmaiar,
E acordar é ir para o inferno,

A culpa é de quem?

domingo, 14 de maio de 2017

Sépia

O vazio me preencheu,
E me deixou sem opção.
Um pássaro morreu,
Dentro do meu coração.

Sociopatia extrema,
Cuidado!
Só simpatia externa,
Coitado.

Anos perdidos.
Vivências roubadas.
Maldito destino,
Devolva minha alma!

Vomito.
Trêmulo, a compor,
Um par de verso bonito,
Para tentar parar a dor.

Tento ter métrica.
Tento ter precisão.
Pois é mais fácil tornar poética,
Toda essa confusão.

Minha mente me tornou réu,
Que sente e destila fel.
Hoje, quando olho para o céu, 
Vejo tudo em tom pastel.

Emoções desreguladas.
Cuidado!
Leões desenjaulados.
Coitado.

O tempo está derretendo.
O universo me sufocando.
O relógio está correndo!
A areia está acabando.

Nem tão correto, nem tão bonito,
O infinito não é um Deus.
É tão incerto e tão perdido,
Como o grito de quem perdeu.

Ver em sépia é belo.
Mas é de entristecer.
Não se sabe quando é alvorada,
Nem quando é anoitecer.

Então eu sobrevivo.
Continuo a suar.
Me esforçando ao máximo,
Para ver motivos de respirar.

Consciência alterada.
Cuidado!
Personalidade alternada.
Cuidado.