segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Estou cansado

Estou cansado.
Minhas emoções estão abafadas.
A alma nada em pecado,
E os sentimentos são afogados.

Deixo a alma onde passo.
Faço questão de marcar presença.
Mas sei que a cada passo,
Me perco na existência.

Estou cansado.
Não sinto identificação.
Olho para o mundo a minha volta,
E vejo só uma multidão,

Indo para a mesma direção,
Sob a dura condição,
De anular a emoção,
E não agir com o coração,

Sem se importar com seu irmão,
Que dorme ao lado, no chão,
Na condição de cão,
Na mais obscura podridão.

A alegria é sintetizada,
Em pinos e papelotes.
E a tristeza é abafada,
Sob pequenos holofotes,

Que carregamos no bolso,
E dependemos para viver.
Compramos o nosso calabouço,
Em doze vezes, no carnê.

As pessoas se odeiam.
Se alimentam de carniça.
Fazem tudo por dinheiro,
São impulsionados pela cobiça.

Estou cansado.

O tic e tac do ponteiro,
Ecoa no precipício.
Torna o tempo incalculável.
Não sei quando é o início.

Não sei quando é o meio.
Não sei quando é o fim.
Sobrevivo em receio,
De acender o estopim.

Cada fase da vida,
É uma montanha escalada.
E foi tanta subida e descida,
Que perdi a rota da estrada.

Mas sigo a intuição.
Minha fiel escudeira.
Nunca me deixou na mão.
Minha única eterna companheira.

Estou cansado.

Não encontro razão,
Não entendo os porquês.
Mas motivo meu coração,
E anulo minha mente de vez.

Assim consigo caminhar.
Assim consigo sobreviver.
A vontade vem em segundo lugar,
A necessidade é de vencer.

E já que estou cansado,
Sem pernas para andar,
Vou me jogar do precipício,
Pois aprendi a voar.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Epilepsia II

Ouço um estalo.
Os ouvidos começam a apitar.
Então eu me calo.
E ouço demônios a cantar.

Eu sinto e não falo.
Não estou mais aqui.
Pra este mundo, morri.
De repente sumi.

Estou no escuro.
No inferno mais quente.
Estou no calabouço,
Da minha própria mente.

Estou trancado,
Mas estou vendo a chave.
E algemado, estou impossibilitado,
De conquistar minha liberdade.

Uma viagem astral.
Uma visita ao Umbral.
Vislumbrando um vendaval,
De tormento emocional,

Que não chega ao final.
Nunca chega ao final!
Esse mal espiritual,
Não me deixa ser igual!

Me impede de crescer,
De viver e de vencer.
Faz eu querer e não poder.
Só me faz enrijecer.

E assim, perder,
Toda a malícia do meu ser.
Deixar de crer,
É o mesmo que morrer.

Abro os meus olhos,
E vejo vários outros ao meu redor.
Arregalados e com medo,
Do meu sangue e meu suor.

Limpo a boca, cuspo sangue,
E volto pra luta.
Meu Santo é forte,
Mas é um filha da puta.

Minha meta é a cura.
É tudo que sempre quis.
Preciso tornar minha alma pura.
Depois penso em ser feliz.

Deito de novo com sangue na boca,
E vestígios de ti no travesseiro.
Mas desta vez estou determinado,
A sair desse cativeiro.