quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dom Bosco

A chuva começa a cair.
Ouço o canto do trovão.
Segurando a garrafa de vinho,
Tenho noção de imensidão.

A solidão me abraça,
E a consciência vai embora.
Mudo.
Já era hora.

Escolho minha companhia,
Mesmo sendo a falta de uma.
Plasmando a chegada do dia,
Em que a necessidade do outro, suma.

Que eu me baste.
Que seja suficiente.
Que meus próprios pensamentos,
Não aprisionem minha mente.

Não limitem o crescimento.
Não imitem o conhecimento.
Não insistem em esquecimento.
Não falte encorajamento.

Chegou o momento!
A famosa transição.
A escolha por tormento,
Ou a formação de opinião.

Um brinde a confusão!
Um brinde a boemia!
Já que a noite pra mim é dia,
Que se acenda a sensação!

Mãos gélidas e trêmulas,
Seguram a garrafa quase vazia.
Mantém a temperatura da minha alma.
Aquecem a empatia.

E para que eu não seja frio,
Jogo no chão mais um maço vazio.
Olho para as cinzas, e sorrio.
Estou andando no meio fio.

Alma de equilibrista!
Mantendo erguida minha fé.
Com uma perna, e sem vista,
Não deixo cair, e fico em pé.

domingo, 9 de outubro de 2016

Meu sorriso quando criança

Um sufoco turbulento,
Um maremoto de sentimento.
Com um remoto pressentimento,
De trilha certa pro acalento.

Pois hoje me sustento,
Contruo meus próprios pilares.
Entendo que tudo é momento,
E vou em busca de novos ares.

O tempo é de mudança!
Que se renove a esperança!
Que no final dessa dança,
Eu encontre minha criança!

Encontrar aquele sorriso.
Encontrar aquela ingenuidade.
Nas máscaras, dar sumiço.
Ser quem sou de verdade.

Demonstrar meus sentimentos,
Sem medo de represália.
Sem achar que incomodo,
Ou que é a hora errada.

Sem tanto me preocupar,
Com o que o outro vai pensar!
Essa é a meta a se alcançar:
Encontrar a roda de cirandar.

Se divertir.
Rir.
Cair.
Colorir.

Amar.
Respeitar.
Se igualar.
Ser singular.

Com as coisas mais simplórias,
Ver o brilho no olhar.
Não ver o passar de horas,
Imaginando, a brincar.

Seria bom voltar...
Voltar a ingenuiade.
Onde tudo era amar.
Sem conhecer a maldade.

Mas cresci.
E "amadureci".
Fiquei podre, e caí.
E foi aí que entendi.

Tudo é renovação.
O tempo é de mudança.
E que sirva para mim de inspiração,
Meu sorriso quando criança!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Rei de mim

As águas correm calmas,
Seguindo seu fluxo natural.
Piedade de nossas almas!
O horizonte tem um final.

Já avisto a cachoeira!
Queda d'água mais traiçoeira.
É tão linda quanto o amor!
E destrutiva, a sua maneira.

É uma escolha se aventurar.
Nas águas turbulentas, mergulhar.
Você pode escolher não se molhar,
Mas isso não é viver, é funcionar.

E mesmo totalmente sem ar,
Eu mergulhei.
Em busca do desconhecido,
Me aventurei.

E hoje sei que sou rei.
Mesmo sem ver o horizonte.
Pois o que ja disse: "serei!",
Já mudou de monte.

E eu cruzei o monte.
Em busca de história.
Em busca de alívio.
Em busca de glória.

Glória interna.
Pois venci a revolta paterna.
Saí de dentro da caverna.
Mesmo que quase sem uma perna.

E hoje sei que sou rei.
Pois entendi o que é crueldade.
O que eu disse: "serei!",
Mudou até de cidade...

E sem alarde!
É a forma de se aproximar.
Do inconsciente obscuro,
Finalmente me livrar.

E perdoar.
Mas jamais esquecer.
Pra não voltar a amar.
Para a indiferença prevalecer.

Inspirei e expirei.
Eu não me desesperei.
Me calei, me mudei,
E hoje sei que sentirei,

Que sou rei!
Pois eu mudei.
O que eu disse: "serei!",
Não é mais. Eu sou.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ascensão

Você já se sentiu enclausurado?
Sem tato, tonto e amarrado?
Andando na linha do pecado,
Sem ter chance de ser perdoado?

O leão tenta dar o seu rugido.
Mas ele não consegue ser ouvido.
Sai um som abafado e sem sentido,
Que é da alma. É um ruído.

Em seguida está em cacos.
Quebrados, espalhados no chão.
Formando um lindo mosaico,
Escrito: Ascensão.

Reflexo quebrado, que pesar.
Mas tudo é questão de perspectiva.
Sete anos de azar,
Ou uma nova renascida?

Junto todos os pedaços,
E caminho para a arena.
Com suor e dor nos braços,
Estou de volta a cena.

Ver a alma em pedaços,
É uma oportunidade.
Me desfaço de meus laços,
Então piso na vontade.

Crio apreço.
Desapareço.
Dou mais um tropeço.
E então me entristeço.

Não obedeço.
Pago o preço.
Então permaneço.
Me abasteço.

Adormeço.
E é de novo começo.
Não esqueço.
E me apeteço.

Cresço e amadureço.
Me esclareço.
Para um dia,
Dizer que me conheço.