segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Desabafo na madrugada

Ouço o gato miando,
Cantando na noite.
Ouço galhos quebrando,
Com recordação do açoite.

Granhidos,
Suspiros,
Voltas,
Reviravoltas,

Sentidos aguçados,
Olhos buscando foco.
No quarto bagunçado,
Mais um copo eu coloco.

Vira para um lado.
Vira para o outro.
Busca o laudo,
Da passagem para o lado oposto.

Tenta entender.
Tenta se satisfazer.
Mas a sede a eterna.
A falta é interna.

Tenta dormir!
Tenta esquecer.
Mas a mente é poderosa,
E a insônia vai prevalecer.

Me deixando com você,
Companheira amarga.
É sempre você.
Você me alaga.

Alaga meus pensamentos.
Alaga minha imensidão.
Meu maremoto de emoção,
Eu te amo, solidão.

Deite do meu lado.
Venha me esquentar.
Você é só fria.
Já eu, estou a congelar.

E vira.
E desvira.
E conta carneiros.
E arranca os cabelos.

Se perturba.
E se preocupa.
É o momento que mais pensa,
Naquele filho da puta.

Mas se levanta.
E escreve uma poesia.
Acende um cigarro,
E oferece um trago a boemia.

Se rende a madrugada.
E da boas vindas ao visitante.
Mais uma noite nada estrelada,
Revelando o fosco em um instante.

Revelando o que há de mais vil.
Dizendo para mim mesmo: você ouviu?
Trazendo a tona o obscuro sutil.
A sombra constante que ninguém viu.

Subiu.
E uma grande máscara construiu.
Mas caiu.
E que bom que caiu.

E quem viu, viu.
Quem não viu, não vê mais.
Aquele homem sucumbiu.
Aquele homem ficou pra traz.

É na noite que eu cresço.
É na noite que produzo.
Acendo um incenso,
E ao meu mundo me conduzo.

Estas palavras são remédio.
São um grande vomitar.
Que é bonito, e tira o tédio.
E nem precisa limpar...

Essas palavras são necessidade.
Bonitinhas até, normal.
São pra manter a sanidade,
De uma forma literal.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Carta a minha mente

Vamos conversar.
Porque anda tão ligeira?
Tenta se acalmar...
Aqui, toma a saideira.

Agora você vai me escutar.
Chegou minha vez de falar.
De desabafar.
De desabar.

As mãos trêmulas sob o papel,
São como nuvens carregadas no céu.
Desabam conteúdo sobre o nada,
E de lá nasce alguma parada.

Mais uma vez.
Mais uma madrugada.
Como em um jogo de xadrez,
Me sinto sem jogada.

Xeque-mate.
Cheque para ver.
Não tem saída,
E nem para onde correr.

A alma berra agudo,
O que a mente tenta esquecer.
E o coração chora mudo,
Deixando o amor desvanecer.

Possuo um universo particular.
Uma dimensão paralela.
Tudo isso na minha cabeça.
Uma aquarela de idéias.

Na velocidade da luz.
Pintando e transbordando.
E logo, atraindo urubus,
Que vivem me rodeando.

As vezes me pego aflito.
E com isso, me irrito.
Quero fugir do conflito.
Mas isso, só tenho dito.

Meu conflito é você!
Chego a essa conclusão.
Por isso não tem pra onde correr,
É de nascença, concussão.

Vamos fazer as pazes,
E esquecer o passado?
Sei que te machuquei,
Durante todo aquele legado.

Mas o que podemos fazer?
Vemos o mundo diferente!
Simplesmente não conseguimos,
Colocar a máscara de indiferente.

Se eu pudesse voltar no tempo,
E refazer meu caminho,
Você estaria nova como o vento.
E não como um redemoinho.

Você é rápida.
É temperamental.
É instantânea.
É anormal.

Você e ininteligível.
Nunca é previsível.
E as vezes nem parece,
Que você é invisível.

Você é tempestade.
Você é furacão.
Você é metade.
O resto é intuição.

Você é o exagero.
É a ânsia pela liberdade.
Você é como gelo.
Você é castidade.

Você tem muito potencial.
Quase ilimitado.
Mas você ama o carnal.
Cuidado.

É muito conteúdo!
Cuidado para não encher.
É muita vivência!
Cuidado para não esmorecer.

É muito conteúdo!
Cuidado para não se perder.
É muita vivência!
Cuidado pra não enlouquecer.