sexta-feira, 29 de abril de 2016

Costas sujas de sangue



Como seguir em frente,
Sem o farol na escuridão,
Com o seu brilho reluzente,
Evitando o tropeção?

O horizonte não é mais eterno.
Ele tem um fim.
É mais ou menos como o paterno.
As coisas funcionam assim.

O sangue jorra das costas.
E banha em vermelho quem está atrás.
Vamos em direções opostas,
E contigo, vai toda a minha paz.

E como sempre,
Somente resta a cicatriz.
Que um dia vai virar história,
Lá no boteco do Assis.

Pois é assim o natural.
Não é?
Vestir uma máscara de normal,
E rir da cara de São Tomé.

Fingir que nada aconteceu.
Que nada nunca abala.
Fingir que parte de mim não morreu.
E dizer para minha alma: Cala!

As perguntas ecoam.
E então se repetem.
Atormentam mente e alma,
Atordoam e ferem.

Um pilar desabou.
E levou embora a estrutura.
Até uma segunda família,
Foi embora com essa ruptura.

Parecia que estava escrito.
Mas malditos inventores!
Criaram a borracha.
Que apagou até as cores.

Com tudo em preto e branco,
Não há tanto com o que se queixar.
Pois o ser humano é incrível...
Ele há de se acostumar!

Quanto ao punhal nas costas...
Só mantenho a fé.
Pois é preciso de mais...
Me mantenho de pé,

terça-feira, 5 de abril de 2016

Carta aos que Juram.

Aonde estão vocês,
Que diriam,
Que estariam,
Mas não vejo...

Todos estavam a volta,
E sorriam,
E cresciam,
Sem medo...

Que bateu em minha porta,
No momento,
Em que diziam,
É tão cedo...

Me congelei,
E ao relento,
Eu torturei,
Eu mesmo...

Na enorme cela,
Construída,
Em um presídio,
De gelo...

São lágrimas que escorrem,
Dos meus olhos,
E constroem,
Pesadelos...

Que musicados,
Aliviam,
Os pecados,
Do meio...

E eu não quis falar,
Pra não enxergar...
Mas é tarde demais,
Não dá pra voltar atrás...

E eu quis concertar,
O que veio a calhar.
Mas só fiz piorar,
O que ainda vai rolar...

E o vento vai soprar,
E eu vou envergar,
Mas não vou cair,
Vou só envergar...

E aonde estão vocês?
Os amores?
Os eternos,
E isentos?

Aqueles que juravam,
Que segurariam,
E não deixariam,
Receio...