domingo, 5 de junho de 2022

Relógio e Lente

Inepiro...
Expiro...
Ainda me inspiro...
Meu tempo expira...
E o vento espirra,
Fazendo mais gente que espirra,
Nesta terra de mirra;
De lendas e crenças,
Tão potentes e latentes,
Que anuvia o que pensas,
Matando videntes, e criando lentes cadentes,
Para os cegos descrentes,
Indecentes a ponto,
De serem obedientes, e ponto.

Mesmo que isso mate a magia;
Que faça o relógio decidir,
Quando é noite e quando é dia;
Quando acordar e quando dormir;
Quando trabalhar e quando sumir;
Quando cantar e quando fingir;
Quando amar e quando trair;
Quando atuar e quando assistir;
Quando dar e quando pedir;
Quando levantar e quando cair;
Quando voar e quando submergir;
Quando se aproveitar e quando falir;
Quando se drogar e quando sorrir;
Quando tentar e quando desistir;
Quando atacar e quando fugir;
Quando guerrear e quando existir;
Quando fumar e quando tossir;
Quando cheirar e quando persistir;
Quando odiar e quando se unir;
Quando vaiar e quando aplaudir;
Quando roubar e quando dividir;
Como funcionar, e como ir e vir;
Como, sem ar, continuar,
Até morrer e deixar de existir;

Explodam o relógio!
Quebrem a lente!
Assim verão o pódio!
Tomem o controle de sua mente!
Explodam o relógio!
Juro, vocês verão o pódio!
Quebrem a lente em mil pedaços!
Voltem a ser gente e andem pelos cacos descalços! 

Explodam o relógio!
Quebrem a lente!
Assim verão o pódio!
Tomem o controle de sua mente!
Explodam o relógio!
Juro, vocês verão o pódio!
Quebrem a lente em mil pedaços!
Voltem a ser gente e andem pelos cacos descalços! 

Sem ouvir o "tique-taqueado",
Sinto-me menos 'Deus';
Sem jogar este carteado,
Sinto-me mais 'Matheus';

Ainda assim,
Sou divino;
Mas o tempo é, no fim,
Um Deus gigante e eu, apenas um menino;

Um menino, divino, mas humano;
Sendo este meu pecado;
Querer controlar dias, mês, ano...
Algo inventado e pesado...

Algo que deveria simplesmente coexistir,
E ser nosso aliado,
Nos prendeu, pois inventamos de pedir,
Que fosse 'humanizado';

O tempo, é o infinito;
E se Ele é um dos 'Deuss mais bonitos',
Porque tentar o escravizar?
O prender em calendários e apitos?

Mas existo e insisto;
Inspiro...
Expiro...
Miro no escuro, e atiro.

Tenho fé;
Assim ressuscito a magia.
Vou a pé,
Esquecendo minuto, hora, mês, ano ou dia...
Pois quando acordar para depois dormir;
Quando parar de contar e depois sumir;
Quando me culpar sem me eximir;
Quando cantar sem me envergonhar - mesmo se desafinar;
Quando sorrir sem mentir - mesmo se outro rir;
Quando dançar sem me importar - mesmo se tropeçar;
Quando insistir em fazer outro existir - mesmo ao me partir;
Quando, e só quando,
Reaver meu ir e vir,
Poderei dizer que ando,
E que não corro de tudo que está para surgir...
Simplesmente por ser algo desconhecido.
Então, hoje deixo de temer o 'nada';
Decido ser, pra mim, alguém reconhecido,
Decido escrever meu conto de fada.

Então, divindades,
Façam como eu!
Esqueçam o controle, isso é com Hades!
Se inspirem em Dionísio, ou Morfeu!

Explodam o relógio!
Quebrem a lente!
Assim verão o pódio!
Tomem o controle de sua mente!
Explodam o relógio!
Juro, vocês verão o pódio!
Quebrem a lente em mil pedaços!
Voltem a ser gente e andem pelos cacos descalços! 

Explodam o relógio!
Quebrem a lente!
Assim verão o pódio!
Tomem o controle de sua mente!
Explodam o relógio!
Juro, vocês verão o pódio!
Quebrem a lente em mil pedaços!
Voltem a ser gente e andem pelos cacos descalços!

Se adorem!
Se não, quem vai adora?
Se venerem!
Não se deixem controlar...

O tempo...
O vento...
Os deixe simplesmente ser...
Só assim, irás viver.

20/05/2022










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