quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Boca Calada



Na escuridão da madrugada,
Recebi um visitante.
Tento matar tal charada:
Porque é tão agonizante?

Não pedi para você entrar,
Não pedi para você ficar.
Pare de me atormentar,
Fique quieta no seu lugar!

Você veio como contra-peso,
E não para se manifestar.
Porque grande Deus,
Tu deixa ela me açoitar?

Abro os olhos com sangue na boca,
Vestígios de ti no meu travesseiro.
Tontura, amargura, loucura,
E por fim, vem o desespero.

Oh Pai celestial,
Pare de me castigar,
De minha língua mutilar,
E meu cérebro danificar!

A vontade é de fugir.
De jogar tudo para o alto.
A vontade é sucumbir,
E esperar a morte no asfalto.

Faço jus ao meu passado.
Apenas colho o que planto.
Mas pareço um retardado,
Apenas corro e não alcanço.

Porque correr então?
Para continuar um embrião?

Só reforço o meu propósito.
Que se complete a gestação!
Que viva o novo homem,
E mate a imperfeição.

Minha luta é pela vida.
Minha luta é pela cura.
Mas uma coisa é requerida,
Que minha alma esteja pura.

Me sinto de boca calada.
Completamente impotente.
Ferido na estrada,
Da loucura benevolente.

Um comentário:

  1. Sensacional! Já me senti muitas vezes assim e sei como é essa visita noturna! Vamos ter força, um dia ela vai embora! Te amo!

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