quinta-feira, 17 de julho de 2014

Do céu, ao inferno



Andando em uma nuvem macia e bela,
Sinto o vento com cheiro de canela.
Tudo claro, puro como o marfim,
Sem encontrar para o horizonte um fim.

Crianças brincam e se divertem.
Vestidos brancos são tudo que vestem.
A paz é generalizada.
A inocencia é imortalizada.

Então escuto um trovão.
Se abre um abismo no chão.
Pessoas somem na escuridão.
E me encontro novamente na solidão.

O calor sumiu.
A felicidade fugiu.
Agora é eterno inverno.
Ouço: Seja bem-vindo ao inferno.

A morte me é apresentada.
Por aqui, ela é cultuada.
Recuso a oferta camarada,
E como castigo, recebo chicotada.

Vejo morte.
Vejo dor.
Vejo um corte,
Vejo "amor".

Todos usam uma máscara chamada felicidade.
Mesmo em completo estado de calamidade.
Sabendo eu, que tudo isso é ilusão,
Como isso pode atrair meu coração?

Me atrair pelo diabólico?
Hoje tenho a solução:
Partir para o simbólico,
E cumprir o sacrifício dessa encarnação.

“VAI-SE POR MIM À CIDADE DOLENTE, VAI-SE POR MIM À SEMPITERNAN DOR, VAI-SE POR MIM ENTRE A PERDIDA GENTE.
MOVEU JUSTIÇA O MEU ALTO FEITOR, FEZ-ME A DIVINA POTESTADE, MAIS O SUPREMO SABER E O PRIMO AMOR.
ANTES DE MIM NÃO FOI CRIADO MAIS NADA SENÃO ETERNO, E ETERNA EU DURO. DEIXAI TODA ESPERANÇA, Ó VÓS QUE ENTRAIS”.
(Fragmento do Canto III do Inferno da “Divina Comédia” de Dante Alighieri. Editora 34. 1998. Tradução e nota de Italo Eugenio Mauro)

Fonte para o trecho da Divina Comédia: http://lounge.obviousmag.org/o_limiar_da_lucidez/2012/05/o-inicio-da-jornada-dantesca-ao-inferno.html#ixzz37lwHGGMk 

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