sábado, 19 de agosto de 2017

Monstro no guarda-roupa

Seus olhos se abriram.
Posso ouvir sua respiração.
Geralmente é neste momento,
Que começa a perseguição.

Ele grita, berra, urra.
Mas sai um som abafado.
Pois precisa de mim,
Para manifestar o seu lado.

Sua insônia acabou,
Trazendo puro pesadelo.
Meu medo acordou,
E continuo sem poder vê-lo.

Uma parte de mim,
Tenta sempre me engolir.
E enquanto não consegue,
Tento não sumir.

Uma parte de mim,
Não aceita a outra parte.
Não faço a integração.
Então uso a arte.

Uma fenda.
Muita neblina.
Olhos com venda.
Muita chacina.

Uivar.
Berro.
Acendam as luzes!
Ninguém é de ferro.

Algo acordou.
Algo imenso.
Algo mau.
Algo denso.

Quer destruição.
Quer o desespero.
Quer o controle do meu coração,
E do meu corpo inteiro.

Quer persuadir minha ação.
Quer que eu pule no buraco.
Quer que eu anule a emoção.
Quer me deixar fraco.

Ele está perto.
Posso sentir.
Sua presença é marcante.
Ele sempre vai ferir.

Ele está nas igrejas.
Ele está nos hospitais.
Ele está nos presídios,
E em todos que tem mais.

Ele está nos viúvos.
Ele está no solitário.
Ele está na biqueira,
E em todo usuário.

Ele está no poeta.
Ele está no artista.
Ele está em toda meta,
E em todo autista.

Ele está no guarda-roupa.
Ele está na minha frente.
Ele está na minha sombra.
Ele está na minha mente.


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