Estou cansado.
Minhas emoções estão abafadas.
A alma nada em pecado,
E os sentimentos são afogados.
Deixo a alma onde passo.
Faço questão de marcar presença.
Mas sei que a cada passo,
Me perco na existência.
Estou cansado.
Não sinto identificação.
Olho para o mundo a minha volta,
E vejo só uma multidão,
Indo para a mesma direção,
Sob a dura condição,
De anular a emoção,
E não agir com o coração,
Sem se importar com seu irmão,
Que dorme ao lado, no chão,
Na condição de cão,
Na mais obscura podridão.
A alegria é sintetizada,
Em pinos e papelotes.
E a tristeza é abafada,
Sob pequenos holofotes,
Que carregamos no bolso,
E dependemos para viver.
Compramos o nosso calabouço,
Em doze vezes, no carnê.
As pessoas se odeiam.
Se alimentam de carniça.
Fazem tudo por dinheiro,
São impulsionados pela cobiça.
Estou cansado.
O tic e tac do ponteiro,
Ecoa no precipício.
Torna o tempo incalculável.
Não sei quando é o início.
Não sei quando é o meio.
Não sei quando é o fim.
Sobrevivo em receio,
De acender o estopim.
Cada fase da vida,
É uma montanha escalada.
E foi tanta subida e descida,
Que perdi a rota da estrada.
Mas sigo a intuição.
Minha fiel escudeira.
Nunca me deixou na mão.
Minha única eterna companheira.
Estou cansado.
Não encontro razão,
Não entendo os porquês.
Mas motivo meu coração,
E anulo minha mente de vez.
Assim consigo caminhar.
Assim consigo sobreviver.
A vontade vem em segundo lugar,
A necessidade é de vencer.
E já que estou cansado,
Sem pernas para andar,
Vou me jogar do precipício,
Pois aprendi a voar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário