segunda-feira, 4 de agosto de 2014
O soldado desistente
O soldado se preparou para a batalha.
Pôs na trouxa um reservatório.
Para conservar as lágrimas de um canalha,
Que adorava dificultar o simplório.
Foi disposto a sangrar.
Foi disposto a sofrer.
Mas não queria se enganar,
Nem pro passado retroceder.
A desistência nunca foi uma opção,
Pois a guerra é travessa.
Mas ele aprendeu uma lição:
Um soldado não luta sem cabeça.
Ele foi decapitado,
Sem direito à defesa.
Aprendeu que através do pecado,
Se chega até a pureza.
Sem condições de continuar,
Ele levanta bandeira branca.
E com seriedade singular,
O próprio coração tranca.
Fecharam-se os portões.
A gelada escuridão tomou conta.
Hoje sua própria assombração,
É sua maior afronta.
Por ter andado desprotegido.
Por manter a espada embainhada.
Por manter seu amor escondido,
E sua fé enjaulada,
Ele manda dizer que desiste.
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