domingo, 12 de agosto de 2018

É cedo

A terra se move adiante.
Terremoto. O caos se espalha.
Dentre o fogo e a cratera pulsante,
Surge a luz, coberta de palha.

Muito poder.
Dá medo.
Tento me esconder,
Mas cedo.

Sempre cedo.
Cedo ou tarde,
Sempre acabo cedendo.
Estava enlouquecendo.

Precisava entender.
Precisava sair do casulo.
Deixar minha ideia do que é ser criança morrer,
Para encontrar a criança dentro do meu Ser puro.

A essência que havia perdido.
Que me havia sido roubada,
Estava o tempo todo comigo,
Em uma olheira enrugada.

Não podia ver.
Não conseguia.
Não dormia.
Não abstraía.

Eu ia morrer.
Estava decidido.
Não seria uma escolha, um querer.
Só achei que o destino seria ser fudido.

Desistência.
Desistência.
Covarde.
Covarde.

Bata continência.
Bata continência.
Se afaste.
Se afaste.

Então a noite me abraçou.
A solidão, já não era a única companheira.
Ela usava um chapéu e me encarou.
Me mostrou que existe uma outra maneira.

Integração.
Luz e sombra, opostos.
Recordação.
E aqui estamos, dispostos.

Aceito.
Independente de ideologia.
Com toda a força em meu peito,
Grito: Que comece a cirurgia!

Mas olha ela.
Olha ela lá.
Molho minha goela,
E continuo sem ar.

Vem pra mostrar,
Que não importa eu querer,
Que não adianta jurar,
Não vou conseguir parar.

Meu íntimo sabe,
Não querer aceitar é pior.
Minha alma é calejada.
Sei a tabuada da dor de cor.

Olho no espelho, e meu,
O que me aconteceu?
Vejo reflexos distorcidos,
De um passado que permaneceu.

Olhei fundo no olho da cobra,
Guardei bem sua fisionomia.
Mas ainda vejo essa filha da puta,
Depois de lavar o rosto na pia.

A insônia me abraça,
A memória atormenta,
E quem me ataca,
É minha própria cabeça.

Fez-se minha vida, uma poesia.
Dedicada a comover.
Chego a me perguntar, se um dia,
Vou poder viver.

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