sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Surto

Me sinto trêmulo
Me sinto mal.
Pensamentos castigando,
De uma forma anormal.

O peito está pequeno.
Não cabe tanto sentimento.
Me sinto comprimido.
Tragam-me um compromido!

Quero gritar!
Quero correr!
Quero me expressar!
Quero me esconder!

Abaixo a tela brilhante,
Da frente do meu rosto.
Vejo a realidade ofuscante,
E me sinto exposto.

Hoje, me sinto distante.
Como o som de uma cachoeira.
Ecoando em vidas alheias.
Deixando sem sono, a rezadeira.

Vários acontecimentos,
Feridas e tormentos,
Me indispuseram com o mundo.
Pois vivi e vi o quanto é imundo.

Eu, mudo,
Mudo de lugar.
Quero gritar que não quero!
Mas estou impossibilitado de falar.

As pessoas me assustam.
O egoísmo não é opional.
É o instinto de sobrevivência,
Que é ensinado no jornal.

Insano e sociopata,
Me escondo de mim mesmo.
E interpreto, de alma manchada,
Felicidade em cada acontecimento.

A dor trouxe resistência,
E o amor foi abafado.
Essa é a penitência,
De um poeta louco e machucado.

Por isso desce mais uma quente,
Para eu ficar no meu estado normal.
Essa insanidade inconsequente,
Ainda vai me levar para o umbral.

Mas eu nasci assim.
Sou regido por Dionísio.
A loucura habita em mim.
É assim desde o início.

Ando anestesiado.
Sem sentir, sem falar.
Ando intoxicado.
Sem sorrir, sem respirar.

Termino o último trago do cigarro,
E o surto vem.
Mente sequestrada, eu me amarro,
E sou refém.

Olho para frente, e nada vejo.
Pois já caminho sem pressa.
Olhando para o chão,
Seguindo o roteiro da peça.

Mas sou protagonista.
E o protagonista, é louco
Todo louco, é um artista.
Pois sua visão muda um pouco.

Minha vida é intensa.
Muita coisa já aconteceu.
E com isso me afirmam:
"Pelo menos você cresceu".

E se não cresci?
E se simplesmente não transmiti?
E se eu me fechei?
E se eu não me acostumei?

E se na verdade,
Eu não for tão forte assim?
Você ainda vai olhar,
E se orgulhar de mim?

Dizem que sou maduro.
Que não pareço ter minha idade.
Que tenho uma cabeça boa.
Que sou exemplo de vontade.

Que perdi, que sucumbi, virei zumbi.
E que lutei, que apanhei, mas ganhei.
Quando na verdade, eu só sobrevivi,
Cheio de cortes que ainda não cuidei.

Mas sigo em frente,
Com um norte pra chegar.
Pintando meu caminho com aquarela,
E deixando o resto acinzentar.

Um vulcão de sentimentos.
Uma mente em erupção.
Escrevendo, desesperada,
Tentando encontrar uma solução.

Há ódio em minhas palavras.
Um vômito por extenso.
Para me livras de minhas mágoas,
Mantenho em mente o clima tenso.

Repito os pensamentos,
Para que eu não me esqueça.
Então revivo os sentimentos,
Para que a dor permaneça.

E que eu possa abraça-la.
Que a dor possa me confortar.
Que ela me traga alívio,
Por não precisar mais te encontrar.

Me sinto aliviado.
Meu coração desacelerou.
Posso parar de escrever.
O surto passou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário