terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Morte no motel

Na cama de um motel,
Derramo lágrimas de lobo.
A solidão da noite é cruel,
É melhor não brincar com fogo.

Em posição de feto,
Me vejo no espelho de teto.
Eu estou bêbado e drogado,
E não sobrou nem um trocado.

Deixei as de 10, 20 e 50.
Fiz um empréstimo no banco.
Deixei a minha dignidade,
Nas mãos do traficante de branco.

Vou até o banheiro,
Até as águas sagradas da pia.
Não vejo meu reflexo no espelho,
Não tem dia, após o outro dia.

Lembro dos meus parceiros,
E escrevo uma poesia.
Acendo um cigarro, o terceiro,
E ofereço a Dimas, o primeiro.

Penso no nascer do dia.
E em como seria, se não nascesse.
Esqueço quem já fui um dia,
Já não há nada do meu interesse.

A indiferença reina.
E isso é proposital.
Muita fumaça, muita fumaça!
Anula o emocional.

Coloco o fone de ouvido,
Ligo um rap, e coloco a lupa.
Mas é só porque estou ferido.
Por isso o beck, por isso a culpa.

Está passando pornô na TV,
E eu estico a última do mal.
Tento a última ligação para você,
E caiu de novo na caixa postal.

Deve estar com o fulano.
Ou quem sabe com o cicrano.
Mas não importa, mano.
Só importa a droga e o cano.

Respiro bem profundo,
E tomo mais alguns comprimidos.
Me despeço desse mundo,
Com um último pedido,
.

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