sábado, 17 de janeiro de 2015

Desfibrilador na esperança


Bisturi sobre a mesa,
Médicos em prontidão,
Para abrir sua cabeça,
Sem dele, a permissão.

Está sedado e tonto,
E já é meio dia.
Está tudo pronto,
Para começar a lobotomia.

Fechou os olhos, aceitando seu destino.
Pensando em tudo que deixou de fazer.
Mas se lembrou que já não é um menino.
E que nada daquilo precisava acontecer.

Se livrou das amarras,
Com uma força sobrenatural.
Acompanhado de anjos disse:
Eu não sou um animal.

Os médicos abaixaram a cabeça.
A porta da minúscula sala se abriu.
E por mais difícil que pareça,
Ele finalmente sorriu.

Um sorriso de confiança.
Um sorriso de paz.
Por ter pagado sua fiança.
Por saber que é capaz.

Pensou na lobotomia.
Pensou em quanto perderia.
Pensou em quanto se arrependeria.
Pois apagaria, tudo o que já foi um dia.

A tortura, nunca mais o dominou.
Sua luz brilha como uma criança.
Pois o único choque que tomou,
Foi do desfibrilador na esperança.


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