Pelado, sentado na cozinha.
Tento me situar.
Não me lembro de nada.
Será que tentei me matar?
Comprimidos por todos os lados.
Grunhidos nos meus ouvidos.
Com os olhos e a alma,
Totalmente corrompidos.
A lâmina cortou minha carne,
Para evitar a foice em meu pescoço.
A morte vem disfarçada,
Em químico composto.
Piso em uma poça de sangue,
Ao tentar levantar e andar.
Flashbacks instantâneos.
Impossível não se desesperar.
Mais remédios pela sala de estar.
A luz da consciência tenta me cegar.
Mal consigo caminhar.
Sinto medo de continuar.
Entro no corredor,
Que parece não ter fim.
De mãos dadas com a dor,
Sei que tem que ser assim.
Continuei a caminhar,
Ao lado de vários vultos a passar.
Precisei me cuidar, para não tropeçar,
No que pareciam vários corpos sem ar.
Ou eram só tralhas de casa espalhadas.
Tanto faz.
Entro no quarto.
No lugar da cama, há um jazigo.
Ele está ocupado.
O fardo já não está comigo.
Faço sua barba.
Raspo a sua cabeça.
Enterro o seu corpo.
Entrego a besta.
Abro os olhos.
Estou pelado, sentado na cozinha.
Não me lembro de nada.
Será que tentei me matar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário